Lula rebate críticas dos EUA e defende julgamento de Bolsonaro como ato democrático

 Lula rebate críticas dos EUA e defende julgamento de Bolsonaro como ato democrático

Presidente Lula defendeu decisão do STF e disse estar aberto ao diálogo com a Casa Branca. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicou neste domingo (14), em artigo no The New York Times, uma firme resposta às críticas vindas do governo de Donald Trump após a condenação de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal. Lula rejeitou expressamente a ideia de que o processo tenha sido uma “caça às bruxas”, afirmando que o julgamento ocorreu dentro dos termos da Constituição de 1988 e seguindo todos os trâmites legais.

Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão em um processo que apurou uma trama golpista com acusações de tentativa de golpe de Estado, dano qualificado, organização criminosa armada e deterioração de patrimônio. Lula usou sua carta para sublinhar que, mesmo enfrentando ameaças de seus opositores, o Estado democrático de direito prevaleceu, e que o governo dos Estados Unidos não tem base para acusações de motivação política ou ideológica.

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Em sua resposta, Lula citou sanções aplicadas pelos EUA, como o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, dizendo que tais medidas refletem uma intenção de exercer pressão externa sobre o Brasil. Ele também mencionou o uso da Lei Magnitsky, instrumento que permite sanções por alegações de violações de direitos humanos, como algo que, em sua visão, estaria sendo utilizado para penalizar autoridades do país envolvidas no julgamento do STF.

Representantes americanos, por sua vez, incluindo Donald Trump e autoridades de seu governo, haviam criticado o processo conduzido contra Bolsonaro, alegando favorecimento de parte política adversária e suposta falta de imparcialidade. O Itamaraty, entretanto, respondeu defendendo integralmente a independência judicial brasileira, e salientou que o processo judicial foi conduzido com transparência e respeitando as garantias de defesa.

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A repercussão internacional se mistura com implicações práticas: exportadores brasileiros já sentem impacto econômico e há preocupação crescente sobre novos instrumentos de sanção e barreiras comerciais. No cenário diplomático, Lula indica que o Brasil está aberto ao diálogo, mas deixa claro que não aceitará interferência em sua soberania. Em ambientes políticos e jurídicos domésticos, a resposta fortalece o debate sobre até onde pode ir a pressão externa sem ferir a autonomia institucional do país.