Relatório da PF aponta R$ 30,5 milhões movimentados por Bolsonaro em um ano
Os valores fazem parte do relatório de inteligência financeira, que foi usado pela Polícia Federal (PF) no inquérito que indiciou Bolsonaro. Foto: Shutterstock/Focus Pix
A Polícia Federal (PF) informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) movimentou R$ 30,5 milhões em suas contas bancárias entre 1º.mar.2023 e 7.fev.2024. O dado consta de relatório da corporação com base em comunicações do Coaf (Unidade de Inteligência Financeira), produzido no âmbito de inquéritos que investigam Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Segundo o documento, houve R$ 30.576.801,36 em créditos e R$ 30.595.430,71 em débitos no período. Mais de 60% dos créditos vieram por PIX, somando mais de R$ 19 milhões; do lado dos débitos, a PF destaca aplicações em CDB/RDB concentradas em seis lançamentos que totalizam mais de R$ 18 milhões.
O relatório menciona cerca de 50 comunicações de operações atípicas envolvendo Bolsonaro, Eduardo e pessoas do entorno, como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro — 4 relacionadas a contas do ex-presidente, 4 a contas de Eduardo e 42 a contas de terceiros. A PF registra que as movimentações “apresentam indícios de possíveis práticas de lavagem de dinheiro ou outros ilícitos”, embora o texto não aponte ilegalidade específica quanto à origem dos recursos.
Entre os pontos destacados, a Agência Brasil relata um repasse de R$ 2 milhões para custear estadias de Eduardo Bolsonaro nos EUA e uma transferência de R$ 3 milhões de Jair para Michelle — esta última omitida, segundo a PF, em depoimento prestado pelo ex-presidente. A defesa foi procurada e não respondeu até a publicação daquela matéria.
A apuração se soma a outras frentes que cercam Bolsonaro, inclusive a que trata de suposta coação a ministros do STF e a investigação sobre tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito; no noticiário internacional, reportagens também citam o patamar de “mais de 30 milhões de reais” recebidos em um ano e associam os achados a suspeitas de lavagem. A defesa do ex-presidente tem afirmado reiteradamente que ele é alvo de perseguição política.
Procurada, a PF não comenta investigações em curso. O caso segue sob sigilo parcial no STF, e novas diligências podem ser determinadas pelo relator conforme a tramitação.
