COP30 fecha acordo sem consenso sobre fósseis e com avanço em adaptação
Grupo de países em desenvolvimento reforça cobranças por verba de US$ 900 bi na COP30. Foto: Alex Ferro/COP30
As negociações na COP30, realizada em Belém, fecharam-se com uma decisão final marcada por grandes tensões. A proposta de elaborar um plano global para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis — uma ambição defendida por mais de 80 países — foi retirada do rascunho oficial, segundo informações da presidência da conferência.
A ausência do chamado “roadmap dos fósseis” gerou críticas entre as nações favoráveis, que consideraram o novo texto mais fraco e menos ambicioso. Alguns diplomatas alertam que a mudança representa um retrocesso no debate climático global.
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Apesar da retirada, a COP30 registrou avanços importantes na discussão sobre adaptação climática. Um esboço de decisão apresenta a Meta Global de Adaptação (GGA), com a proposta de 100 indicadores para medir a resiliência dos países diante das mudanças ambientais. Porém, há resistência: o Grupo Africano propõe adiar a definição desses indicadores para 2027, o que preocupa observadores que temem atraso nos investimentos climáticos.
Outro ponto sensível nas negociações foi o financiamento climático. Países vulneráveis têm cobrado fortemente a ampliação dos recursos para adaptação, enquanto nações ricas debatem os limites de suas contribuições.
Países da União Europeia reagiram com força ao novo rascunho. O comissário climático Wopke Hoekstra criticou duramente o texto, afirmando que ele carece de metas concretas de transição energética e compromisso firme para abandonar os combustíveis fósseis.
Em paralelo às divergências, o secretário-geral da ONU, António Guterres, voltou a pedir mais flexibilidade aos países para avançar nas negociações climáticas. Ele ressaltou que a adaptação precisa de recursos, mas alertou que apenas financiar a resiliência não será suficiente se as emissões continuarem a crescer rapidamente.
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Especialistas que acompanham a COP30 também destacam que, embora haja progresso técnico nas discussões, o compromisso político ainda é insuficiente. Alguns veem nos 100 indicadores de adaptação uma base importante, mas afirmam que sem metas vinculantes e financiamento garantido, os avanços podem não se transformar em transformações reais nas nações mais vulneráveis.
A conferência se aproxima de seu encerramento com a presidência brasileira insistindo na cooperação entre os países, mas deixando claro que o texto final foi “ajustado” para acomodar blocos que se opõem a uma visão mais agressiva de descarbonização.
