Violência em Sobral: Seduc recebeu aviso prévio sobre risco, diz ONG

De acordo com a ONG, foi oferecido ao estudante a mudança para o turno da noite ou colocá-lo em uma escola profissionalizante, mas ele não tinha passado na prova de transferência. Foto: Jorge Alves / AFP
Antes do trágico ataque a tiros em que dois alunos morreram e três foram feridos dentro da Escola Estadual Luís Felipe, em Sobral, a Secretaria da Educação do Ceará (Seduc) já havia sido comunicada de que um estudante estava sob ameaça. A denúncia é da ONG Visão Mundial, que enviou ofício datado de 4 de agosto pedindo “máxima urgência e atenção ao caso”.
De acordo com a ONG, o aluno ameaçado mora no bairro Nova Caiçara, dominado por uma facção rival àquela que atua no bairro Campo dos Velhos, onde se localiza a escola. A entidade relata que, por medo de represálias, o estudante chegou a faltar às aulas.
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A Seduc, por sua vez, negou que o alerta se referisse ao caso em que o ataque ocorreu, dizendo que o ofício apontava para “outro estudante” que não se envolveu no episódio de violência. Ainda segundo a pasta, a Crede (Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação) está tratando o pedido conforme os trâmites internos.
O Gerente Nacional de Advocacy da ONG, Reginaldo Silva, afirmou que o governo estadual deveria ter acionado um protocolo de segurança diante da ameaça explícita. Ele argumenta que a transferência para outro turno ou escola foi proposta, mas não pôde ser aplicada por causa de exigência de teste de transferência — o que impediu que o estudante tivesse real alternativa.
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Após o atentado, a Seduc suspendeu aulas por dois dias e informou que disponibilizaria suporte psicológico para a comunidade escolar.
Na análise de especialistas, esse caso ilustra como, muitas vezes, as instituições têm sinais prévios sobre riscos, mas faltam protocolos efetivos, articulação institucional e compromisso político para transformar alerta em proteção real. Segundo o especialista em entrevista ao jornal Diário do Nordeste, essas omissões criam um ambiente onde facções criminosas ganham espaço para operar dentro e ao redor das escolas, agravando o quadro de insegurança e colocando em risco o direito básico à educação.
